terça-feira, 27 de dezembro de 2016

SONETO DE AMOR

Soneto de amor


Não me  peças palavras ,
nem baladas , nem expressões ,
nem alma ...

Abre - me o seio , deixa cair

as pálpebras pesadas ,
e entre os seios me
apertes sem  receio .

na tua boca sob a minha ,
ao meio , nossas línguas
se busquem , desvairadas ...
e os meus flancos nus vibrem
no enleio das tuas pernas ágeis
e delegadas

e as duas bocas uma lìngua ... ,
- unidos , nos trocaremos beijos
e gemidos , sentindo o nosso sangue
misturar - se

depois ...  -   abre os olhos , minha amada !
enterra  - os bem nos meus ; não digas nada ...
deixa a vida exprimir - se sem disfarce !

José Régio , in  Antologia Pessoal da Poesia
Portuguesa , Eugénio de Andrade



Sem comentários:

Enviar um comentário

o tempo

escoa - se por entre os teus cabelos em ti as leivas as fontes as fontes e as sementes os mais secretos caminhos em ti as searas ainda futur...