terça-feira, 25 de outubro de 2016

As vozes do silêncio: A OUTRA

As vozes do silêncio: A OUTRA: Amamos sempre no que temos Quando amamos O barco para , o largo o remo e , um outro , as mãos nos damos A quem dou as mãos ? A outra ...

O  HEAUTONTIMORUMENOS

Irei agredir - te  sem cólera
Nem ódio , como um magarefe ,
como ao rochedo fez Moisés !
E far -  te - ei brotar das pálpebras !


Para refrescar o meu Sarà ,
as águas do teu sofrimento
cheio de esperança , o meu desejo
nesse seu choro nadará


Como uma nau a pôr - se ao largo
e no meu ébrio coração
os teus soluços ecoarão
como um tambor rufando a carga !

Não serei eu um falso acorde
nesta divina sinfonia
graças à voraz  ironia
que me perturba e que me morde ?

Está  na minha voz , tão gritante !
esse veneno è o meu sangue !
eu  sou o mais sinistro espelho
onde a megera se contempla .

Eu sou a  chaga e sou a faca !
sou eu a face e a bofetada !
eu sou os membros e a roda
e também vitima e carrasco !

Do meu coração sou vampiro ,
-  Um dos maiores abandonados ,
Ao riso eterno condenados ,
e que não podem jà sorrir





quinta-feira, 20 de outubro de 2016

AMOR

Amamos sempre no que temos
Quando amamos
O barco para , o largo o remo
e , um outro , as mãos nos damos
A quem dou as mãos ?
A outra .

Os teus beijos são de mel
de boca , são os que sempre
pensei dar ,

e agora a minha  boca
toca a boca que eu sonhei
beijar
De quem è a boca ?
Da outra

Os remos caíram na água ,
o barco faz o que a água
quer

Os meus braços vingam
a minha mágoa no abraço
que em fim podem ter
Quem abraço ?
A outra .

Bem sei , ès bela , ès quem desejei
não deixes a vida que eu desejo
mais do que pode ser teu beijo

Beijo , e em quem penso ?
Na outra .

Os remos vão jà perdidos
o barco vai e não sei para
onde .

Que fresco o teu sorriso
está , ah , meu amor ,
o que ele esconde !
Que è do sorriso da outra ?

Ah , talvez ambos nòs mortos ,
num outro rio sem lugar
no outro barco outra vez sós
possamos recomeçar
que talvez sejas a outra

Mas não , nem onde
essa paisagem è sob
eterna luz
te acharei mais que alguém com terna
ansiedade por ser parecida com a outra

Ah , por ora ,
idos remos e rumo
dà - me as mãos , a boca
o teu ser
e façamos desta hora
um resumo de que
não poderemos ter
nesta hora , a única
sê a outra



AMADA

DE  JOELHOS

« Bendita mãe que te gerou . »
  Bendito o leite que te fez crescer
  Bendito o berço aonde te embalou
a tua ama , para te adormecer !

Bendita essa canção que te acalentou
da vida o doce alvorecer ...

Bendita seja a lua , que inundou
de luz, a terra  , sò para te ver ,,,

Benditos sejam todos os que te
amarem , aos que em volta de ti
se ajoelharem numa grande paixão
ferve rente e louca !



E se mais que eu , um dia
te quiser alguém , bendito
seja   o beijo dessa boca !




DIABRICES

Brigas no abrigo esperado
olhos de sereia
luzindo ao sol amando
da mais próspera boleia
rebolo no teu feno
e a tua humildade reflecte - se
saboreia - se o clima ameno
a noite repete - se
a tristeza abafada o medo
de possuir demónios na veia
enrosca - me em forma de torpedo
no riacho da tua ceia
abraço o estômago da rivalidade
abrindo fogo com a arma mais pesada
a procura è uma necessidade
de tal  onda viciada
o esqueleto gravado em terra
da morte esquecida no presente







AMADA

Sopro fino
de vento a rigor
levando areia ao rosto
hirto húmido no olhar
um dedo apontado
ao mito
a beleza do silêncio
no grito
cada ilha um livro
um filho
parido por hábil
febre a mar em
dedo  marfim por escrito
passo a passo a magoa
barco a pele mármore
tecida a mãe
a mão ao leme
caricia forte o instinto
para a revolução
de dar um coral um
nome
esperar o céu aberto
aberto ao chão

...

( terão caule e cal là tão secretas razões )
não deixa cinzas para deitar  as ilhas
mas luz apenas luz por onde podemos
andar e sair de pátios fechados sobre
si aberto às casas causas que pedra
a palavra sílaba sobre o seu mundo
constrói e sem medo por dentro da
nossa paz fugaz abre a liberdade
aos templos sem orações de deuses
faz homens das musas mulheres
de templos apenas um lugar onde
o tempo devagar põe a natureza
um amor feroz





EU

Nos rostos da vida
sufocados pela timidez
saem frases perdidas
no encher das marés
o vazar da lua cheia
debruça - se nos meus
braços corre - me nas
veias linha em forma
de traços seguro as
pernas de pè
para não tentar ir
abaixo
o que não  encaixo
a minha forma de estar
não è igual a minha
maneira de  ser
o que transmito no olhar
nem sempre è aquilo
que queria ver
as pétalas que murcham
no meu coração sofrem
da angústia no meu entender
respiram espasmos de ilusão
e temem o medo de morrer




MANCHADO

Num pensar escuro
de sonhar
esta noite irei tentar
adormecer sem me deitar
tentar ficar nos teus braços
cheirar a tua inspiração
sentir  o teu respirar
para me deliciar
no teu perfume cheirar
o teu hálito
por as raízes
do teu cabelo sobre
os meus
para tentar obter
o teu sorriso
passo com a lìngua
entre os teus lábios
passo a sonhar um sonho
sò nosso
viajo pelo teu corpo deslumbrante
carregando baterias de prazer
a tua pele macia e brilhante
reanima - me as fontes de viver





NOITE

Gosto de ver a tua esborratada
de marcas de bâton
os seios das estrelas luzindo
dançando ao som de um som ...
gosto de olhar para o céu e
 vê - lo coberto de um vèu
adoro a noite !

tudo fica mais transparente
as expressões de tristeza
são diferentes

as pessoas parecem todas
iguais as sombras tratam
das maquilhagens
não hà gente bonita
nem demasiada feias
o silêncio toma conta de nòs
sente - se um sentimento de
à - vontade
de sossego  ...
e algumas verdades
adoro a noite !

e durante o dia
è uma saudade

adoro a noite !

porque tem sabor
a realidade

onde descanso ...
alcança o pódio
da maior verdade

a noite è a vida em claro ...




CHOROS

A  solidão è negra
paira no ar um nevoeiro
intenso um negro claro
invade - me o olhar
preciso de um lenço
preciso de me assoar
escorre - me dos olhos
um liquido que me percorre
e rosto

estou a chorar
tento vitalizar a mente
tento controlar - me
mas não dà ! sempre
a chorar

encandeiam - me a alma
tomando conta dos meus
sentidos

não tenho calma
não tenho comprimidos

de mim saem ruídos
saem gemidos

sò sei o que è sofrer
sò sei o que è amar

agora sò resta - me  saber
o que è morrer
porque o resto jà ninguém
me pode ensinar




a vida è uma constante
aprendizagem, , algo
a reter bastante importante
são as lições que a vida
 ensina mais cedo ou mais tarde .

Não acredite em algo simplesmente
porque ouviu . Não acredite em algo
porque todos falam a respeito, Não
acredites em algo simplesmente
 porque está escrito nos livros
religiosos .


Não acredites em algo sò porque os seus professores
dizem que è verdade . Não acredites em tradições
sò porque foram traçadas de gerações a gerações .

Mas depois de muita análise e observação , se vês
que concordas com a razão , e que conduz ao bem
e benefício de todos , aceita e viva - o

           Buda

A razão pela qual algumas pessoas acham tão
difícil serem felizes è porque estão a julgar o
passado melhor do que foi , o presente pior
do que è e o futuro melhor do que será .

Marcel  Pagnol


Deveríamos olhar demoradamente para
nòs próprios antes de pensarmos em julgar
os outros .

Moliere







acredite em si próprio
e chegará o dia em que
os outros não terão outra
escolha senão acreditarem
em ti .

se um homem não descobrir
nada pelo o qual morreria ,
não está pronto para viver


a cinquenta e três anos atrás ,
eu sabia tudo . Hoje sei que
nada sei , a educação è a
descoberta progressiva da
nossa ignorância .

o progresso do homem
não è mais do que a descoberta
gradual de que as suas perguntas
não têm significado

o casamento feliz è continuar
a ser virgem de descoberta mais
importante que o homem jamais irà
compreender


a descoberta consiste  em ver o que
todos viram e pensar no que ninguém
pensou




 agora que nos conhecemos
vamos fingir que não
vamos remar sem remos

e conduzir fora de mão
vamos da terra atè Marte
desfrutar os nossos desejos
fazemos mais uns disparates
e acabamos aos beijos ....












è  apenas uma folha de papel
sobre aquilo que pensas nada
fiz ao acaso entre promessas
e crenças uma flor murcha
em cada vaso segura o arrepio
cauteloso entre o teu ventre
destemido sobra um líquido
viscoso seguido de um gemido
pura ansiedade escondida
um novo amor adiantando


vontade de uma nova vida
de um amor manchado
nada está perdido
entre os perdidos e achados
roda num sentido
de olhos vidrados

o teu medo è o meu
da mesma forma torcida
na verdade quem sou eu
na minha pessoa desmedida

permite - me o teu contacto
para cheirar o teu calorífico
cada tino è um facto

vou e venho e fico
farto de sentir as melhoras
retardas no sexto sentido

atrasando mais as horas
de musica no ouvido

já chega de factos tremidos
no teu sofá queimado

os meu olhos ficam sentidos
e o coração despedaçado

acaba assim o envolvimento
da esperança mais cruel ,

acaba assim no esquecimento ,
mas não acaba nesta folha de
 papel




mais  um final feliz

quero - te tocar
com os olhos de
ver

sentir - te mais perto
e conhecer - te
quero ouvir - te

se tiveres algo para dizer
quero curtir
isto que estou a ver

mutila - me de paixão
com todo o teu suor

com toda a tua razão
com todo o teu valor

amarra - me à parede
com cordas postiças

deixa - me com sede
das tuas malìcias

foge com a chave da vida
e não me deixes apanhar - te

a chave
e a única saída

de eu poder voar
corta - me as asas

que já não servem
de nada

as minha mãos são garras
e tu ès apanhada

não tentes enlouquecer
porque não consegues

continuas a viver
tudo o que persegues

tropeça na verdade
e logo a seguir
iràs ver acorda

na realidade
dormir è morrer

morrer è parar
e parar è esquecer

esqueceste - te de como amar
e eu esqueci - me de como viver





LEMBRA - TE

Larga esse sonho
de criança
e cresce comigo
na tua cabeça

acorda  com que a realidade
alcança
abre os olhos e pensa



nem toda gente
te quer bem

apenas uma companhia
com o tempo ... já não
conhecem ninguém

irás ver isso um dia
mais dia ou menos dias

tenta perceber o significado
da palavra amor

depois compara com
a opinião de almas
frustradas

avalia e dà valor à dor
sem ouvires mal amadas

o teu futuro está nas tuas
mãos

e o meu acaba por estar
também

une - te ao amor
como se fossemos
dois irmãos

confia em ti , em mim
e em mais ninguém

tens toda a inteligência
para saberes

quem realmente amas

tenta sentir
toda a referência

de quem não te quer
sò para te levar
para cama

ama quem te ama
julga quem te julga

perdoa quem te perdoa
acorda e não deixes tudo à toa





 No lado de fora

eu fico do lado
de fora

bebendo sangue
de flor

fruto de amora
vomitando amor

depois de agora
em alto teor

de proteína loura
em pura dor

minto em qualquer altura
com palavras homogéneas
de alma pura

e falta pouco higiénicas
sou um hermafrodito

quando me apetece
quem não quer acreditar
que não acredite

não me aquece nem me arrefece
tonto è o medo de tonturas

ignoradas no elevador

aceso em ranhuras
de um falso sabor

sabor com cheiro a alho
de um verdadeiro perfume

amor ao trabalho
com tacto do ciúme

adeus como se fosse embora
permanecendo no mesmo
sitio

continuo do lado de fora
cheio de acne fictício





AGUARELA

são homem
lindo inocente
poda breve
criança leve
não se oferece
uma flor vã
a flor que vá
da - se - lhe mão

à terra seca
para semente
com lágrimas
regar bravias
raízes únicas
a uma mulher


AZULEJO


Sò depois de te
beijar uma criança
te pede um beijo
para distinguir
a inocência do
beijo









Convém - me o texto
o tempo è longo ,
breves as palavras









Eram olhos
férteis
por isso
sem tempo






No silêncio , as palavras
Que um corpo , hoje
fala noutro corpo .










...

O que temo em ti
não são as palavras
è o desleixo com que
derramas a penumbra
a lassitude com que
abrigas o silêncio
o abandono com que
partes sem deixar


....

O mais belo poema
não o escrevi nunca
esculpo - o
no tremor
vagaroso do teu
corpo







...

Em mim
vontade de ser corpo
se corpo não fosse
vontade jà








Os meus versos

Rasga esses versos que te fiz ,
meu amor !
Deita -os ao nada , ao pó ,
ao esquecimento , que a os
cubra , que os arraste o vento ,
que a tempestade os leve onde
for !

Rasga - os na mente , se os souberes
de cor , que volte ao nada o nada de


um momento !
Julguei - me grande
pelo sentimento , e
pelo orgulho ainda sou
maior ! ...



tantos versos já disse
o que eu sonhei !
tantos penaram
já o que eu penei !
asas que passam ,
todo o mundo as
 sente ...

rasga os versos ...
pobre endoidecida !
como se um grande amor
cà nesta vida não fosse
o mesmo amor de toda
gente ! ...





Apetecia - me ... vamos ?

apetecia - me rasgar - te
a roupa numa brincadeira
erótica fazer - te uma coisa
louca que me está a passar
 pela cabeça apetecia - me
deslizar no teu corpo e sentir
as tuas curvas comportar - me
como um louco navegar em
águas turvas deixar - me ir ao


fundo da questão
e saborear o teu ego

tocar - te no coração
com o amor que carrego

apetecia - me dar - te umas
 trincas fofinhas e amorosas

sei que ao strip não brincas
vamos antes ao banho de rosas

Quero ficar em sintonia
com o teu radar sedutor

momentos de alegria ...
vamos fazer amor






O DESEJADO

Perdi - me no escuro
sob a negra solidão

com um som tão  puro
a mexer - se  no coração

corri de olhos vendados
para alcançar algo doce

entre sonhos amargurados
onde nada tinha posse

acordei de repente
e nascia um novo
dia

encontrei - me com imensa
gente e uma luz ao fundo
luzia era sò mais um renascer

mais um dia complicado
mais uma horas a correr

para alcançar o desejado
a desejar que chegue a hora

para voltar a sonhar
não querendo deixar
agora o que è lindo
acabar


VOU TENTAR

Na grossa rama do pecado
veio florir as asneiras

no seio do mau olhado
cravado em espinhosas
roseiras procuro  a espada
do futuro para lutar contra os
invencíveis respirar um pouco

 de ar puro e subir a outros
noiveis tento um pouco de
oxigénio para respirar sem dor

tento ouvir o génio
que fala de amor

è o preço da verdade
que me faz falar tão
alto è o sonho da
realidade

que deixa - me estendido
no asfalto agora vou tentar
ser o perigo dos acontecimentos

vou tentar ouvir e ver
o que dizem os meus sentimentos


AZAR

Nas trevas da virtude
o passado já là vai
invejo saúde
da minha cabeça
sai tudo
 já esperei tanto
e parece que tenho
de continuar a espera


mas por enquanto
vou ter de me aguentar
azar !




ORIENTADO NA CONFUSÃO ,
EMBRIAGADO NA SOLIDÃO

Vejo - me confessado ao passado
encontro - me confuso
sinto um arrepio na nuca
que percorre - me lado a
 lado preciso de um parafuso
senão a minha cabeça caduca
preciso de ler mais livros




preciso de muito amor ...
preciso ... de fazer amor !
Quem è ?

sois o vento que seca a pele ?
ah ! sois o juízo em forma
de palerma trazeis na mão
o anel que encontrei a dias
na berma !

ouvi dizer que para ter
espaço è necessário
ganha - lo

para dançar è necessário
ouvir - se a musica

para comer è necessário ter comida
para beber è necessário ter bebida

e para sorrir è necessário ter vontade
atè ouvi dizer que para se divertir
è necessário sair

mas eu cà não consigo
sonhar mesmo eu estando
a dormir






Não

fonte de inspiração
è do que estou a
precisar corta - me
a respiração para
eu me afogar
vou dar o nò
na corda e ficar
pendurado

um dos pensamentos
mais estúpidos
è morrer enforcado
será que o suicídio
è a solução ?
sinceramente ... acho
que NÃO !


ESCRITA DE UM
  PARASITA

Desenrola - se em mais
uma folha de papel
mais uns traços e riscos
em forma de escrita
sob uns traços de poesia
sob a forma de um inconsciente
parasita que escreve sem nada
perceber daquilo que è arte gráfica
letra a letra que custa ler gramática

è o que precisa de aprender
o que conta è o gosto pela arte
e a vontade  de o ter feito a fazer
a vida è assustadora
a todos aqueles que a tentam
perceber a todos aqueles que
pensam no viver sò vale apena
olhar o presente e tentar fazer
bem no momento mas a sorte
è delinquente e arruína o
 pensamento do pensador
a mesmo toda a gente  !







CURA - TE !

Trava - te de razões
goza a liberdade
enfrenta as situações
ao preço da saudade
espirra a tua màgoa
para o teu lenço de cetim
afoga - te sem pinga de água
agarra - te a mim

cava tesouros escondidos
descubra a arca mistério

reflecte bem se tens amigos
põe - te com um ar sério

navega na relva do teu jardim
estuda a sonolência cada ser

pensa por que è que ès assim
e porque è assim que tens de ser

escuta o som que a natureza oferece - te
dança sentindo - o dentro de ti

esquece tudo aquilo que nunca se esquece
como te esqueceste de mim

brinca no escuro
deita cà para fora a criança
que há em ti
respira um pouco de ar puro
consome tudo o que te ofereci






MEDO

Ouve - se no fundo
do corredor o gemer
de uma porta um som
arrebatador e a manivela
torta de repente abre - se
uma janela a sombra invisível
um suspense de sentinela
logo ao primeiro nível

o susto è provocado
por uma incerteza de
movimento através
de um sopro è arrastado
a voz do acontecimento
estilhaços de vidro por
toda a parte
causados por um
 arrombamento implacável
acto de bela arte e de um
medo maleàvel







NOITE

Gosto da noite

Gosto de ver a lua esborratada
De marcas de bâton

os seios das estrelas a luzir
dançando ao som de um som

Gosto de olhar o céu
E vê -- lo coberto com um vèu

Adoro a noite !

Tudo fica mais transparente
as expressões de tristeza são
diferentes

as pessoas parecem todas iguais
as sombras tratam da maquilhagem

não existem pessoas bonitas nem
demasiadas feias o silêncio toma
conta de nòs

E sente - se um sentimento de à - vontade
De sossego ...

E alguma verdade
Adoro a noite !

E durante o dia è uma saudade
Adoro a noite !

Porque tem sabor a realidade
onde o descanso ...  alcança o
pódio da maior verdade

A noite è a vida em claro ...






IN - VERSO


Beijo - te por necessidade
os teus lábios arrepiam - me

a minha sombra fala por mim
e por mim fala a minha ansiedade

Respiro o teu odor tornurento
de uma noite de inverno

Navegas no meu pensamento
num sentido de sentimento eterno

TRÊS SONETOS

Esquecerás , amor , a minha face ,
meu cavalo de fogo , meu navio ,
e arderá lume que perpasse na
angústia sepultada em cada rio ?

Veer - te - ei , louca e pura , dizer :
« Dà - se um cavalo de fogo e um
  navio a quem me recordar sua face »
- mas jamais me acharás no longo do rio ?


estradas sem memória no areal ,
frase uma fez sò dita , ou bem
ou mal , em mim a porta , amor ,
em ti a chave

tome - a ... abre ou fecha a porta
ardente de vez ... quero saber se
esta semente ainda será vento ,
flor ou ave





NO SILÊNCIO

No silêncio
construamos , amor ,
nossa morada .

Na pedra , na água , no
 relâmpago , no canto
desta ave .

Na angústia , no sangue ,
na morte e na vida , na


esperança em flor
desta seara .

Nos ares , nos céus , nas mais
 impuras palavras ,
na sede , na fome ,
nesta baioneta ,
nesta espingarda .

Na chuva e no vento , na relva ,
na manhã que nasce com este menino .

No sol e nas flores , nas nuvens , nos rios
 e na inocência destes peixes ,
deste insecto .

No frio e no fogo , no amor e na ansiedade ,
no voo deste pombo  branco .

No silêncio , meu amor ,
no silêncio
e no terror
com um abutre de raiva
entre os dentes ,

com um pombo branco
no coração .



INSCRIÇÃO

Aqueles que para vencer - te
pulverizaram tua carne
teu último reduto grita - lhes
que no centro do último átomo
resistes esperas a primavera








A TEU LADO


A teu lado , amor ,
não há muros , silêncio , morte .

Por cada espinho cravado
em nossa carne ,
há um rio de sangue e primavera .

Por cada bofetada ,
um sorriso de criança .

Por cada insulto ,
por cada punhalada ,


uma seara , uma estrela , uma cidade





MURAL
Não um anjo caìdo
nem um deus frustrado
mas o Homem
maior que os anjos
criador de  deuses e anjos
construtor de si mesmo
o Homem
quantas vezes caìdo
quantas vezes frustrado
mas livre e invencìvel
perpétuamente renovando
as asas e raízes


CAMINHEMOS SERENOS

Eis a montanha brava
mai - la sua face mansa
e no fundo dormem
as torrentes da lava :





Violado , mísero homem ,
em ti próprio guardas  ,
tua cólera , na esperança
















A espiga verde

A ESPIGA VERDE

Era uma espiga verde . E era
a fome que te devora há horas
intermináveis de cansaço , Era
a decisão que cerra os dentes
e torna o coração invulnerável .


Era o calor , o pó , o suor , à fornalha
do sol de um dia inteiro . Era um abutre
cravado nos teus rins . E era , nos teus
ombros sustentada , a pesada pata , teu
fardo , teu navio resplandescente

Eram os pès em sangue , proa ferida
num oceano de lâminas , eram as tenazes
da fome no teu estômago . Era a sombra da
noite que descia , materna , suave , doce
refúgio . E era o silêncio sobre os campos .
Era a espiga que trincavas , pão e leite , na
ressurta infância .

A UM RECÉM NASCIDO
Não te impacientes
viajante os dias
ecoar - se - ão por ti
sem que o chames
( ou possas deter  ! )

Esta semente será árvore
este ramo serà barco .
Este barco a tua viagem .






A   AVE  SOLAR


È nas trevas e no silêncio
destes tempos que colho
esta pequena , oculta semente ,
seara verde , girassol de ouro ,
incriados ainda ma já visíveis
e presente là onde mais puros
somos , querida .

O que nos leva é indestrutível :
esta semente colhi - a junto dos

nossos mortos , nas batalhas
caídos ; colhia - a , querida ,
nos cárceres e nos acùleos .

E verás um dia querida , como è  fecunda
e maravilhosa ; nela dormem os navios ,
os mares , os homens coroados de espigas ;
abre as asas
a ave solar
da nossa esperança

Por isso a guardo onde nem
os horrores nem as chamas
dos novos infernos
a poderão destruir :
è na pureza dos teus seios
incomparàveis
amamentando esta criança , que
 tranquilamente a semeio




CÂNTICO

CÂNTICO

Belo è ver florir os galhos
das velhas árvores .
E ver chegar as aves
que voltam do Sul .

Belo è o sangue rubro
dum lanho fresco e o rio
que nasce das nossas palavras .


Belo è vir da manhã
sobre os  telhados
nus das cidades brancas


E mais belo ainda
que este sol visível
aflorando , amor ,

são os teus lindos
cabelos longos
de guizos dourados :

mais belo que os ventos
cavalgando as nuvens
e dizendo - nos : vinde !
e que meu génio abrindo
suas asas nos céus :

Mais belo que o fluir
silente desta célula
fluindo no cosmos :

Mais belo , amor ,
que a tua própria
beleza è este
inviolável sol ,
rùtilo , no fundo de nòs .





HORA  MANSA

Não seja noite nem dia
a hora em que vieres
somente haja silêncio
na cidade morta

e suave me toques
e beijes na fonte ,

para que eu saiba
que ès chegada

não haja galos
a anunciar - te

nem cães
pelas esquinas

não haja bandeiras


somente uma estrela
no fundo de mim

e um vento macio
correndo nas ruas








MÃE  TERRA
MÃE TERRA

Senhora minha mãe  Terra ,
boa mãe me geraste e me
deste os seios , homem pleno ,
eu te estou a amar , o teu corpo
molhado , os teus cabelos ,
 o teu ventre fecundo
e eternamente virgem , tu me pariste





por uma noite sem lua , há quantas
noites imensas ? ! ,

tu deste - me os grandes seios ,
eu deixei em sangue , noites e noites
vieram , e eu a mamar , eu a crescer ,
a crescer , acordei com os berros e
 acordei com os astros , os meus irmãos
bichos pararam na floresta , sentiram a
minha grandeza , encheram os teus seios ,
Mãe , encheram a noite , as minhas artérias
se encheram , as minhas veias , o meu sexo ,

a floresta chamou as ventanias e gemeu com
as alcateias um canto de ameaças , vieram raios
e trovões com assombro e medos , tu escondes -te
- me  nas dobras do teu ventre , no entanto veio
 a alvorada do outro lado do mundo , era o Pai
Sol que me queria saudar , meu claro rubro Pai ,

eu parei no meio da planície sem limites , homem
pleno , há um rumor de seivas  , estalar de folhas
e ramos , vermes e pássaros , latejar da minha carne ,

è quase dia agora , aì vem o meu Pai galgando as
montanhas , dia de glória para nòs , Senhora minha Mãe Terra .





MÃE TERRA
Vai poesia ,
não me pertences mais ,
fecunda , livre poesia ,
crescendo estão os seios das
mulheres , suavìsimas , inchando
de puríssimo leite , brotando
estão as searas , as palavras
de todas as línguas a confundirem - se
a proa dos navios eu a engrinaldei
de pássaros e flores de maio , de sexo

viris e luminosos olhos
as floresci

Boa noite a todas as
 pessoas de todos os países !



CANÇÃO DO AMOR FECUNDO

Vem ,
tu ès a minha rapariga ,
aquela que eu espero sem preconceitos
errados nem cinismos de espécie alguma
porque ès humanamente pura e digna
das caricias que guardo desde o fundo
de mim .

Vem ,
ò minha rapariga , ò companheira

resoluta que irás comigo
os caminhos bons e difíceis
dos próximos dias , das
 próximas jornadas ,

enquanto desvendarmos os
 mistérios da nossa unidade
em terra e em sangue ,

caminharemos lado a lado ,

o mundo será nosso ,
debaixo dos nossos pès
brotarão fontes em claridade



A OUTRA

Amamos sempre no que temos
Quando amamos
O barco para , o largo o remo
e , um outro , as mãos nos damos
A quem dou as mãos ?
A outra .

Os teus beijos são de mel
de boca , são os que sempre
pensei dar ,

e agora a minha  boca
toca a boca que eu sonhei
beijar
De quem è a boca ?
Da outra

Os remos caíram na água ,
o barco faz o que a água
quer

Os meus braços vingam
a minha mágoa no abraço
que em fim podem ter
Quem abraço ?
A outra .

Bem sei , ès bela , ès quem desejei
não deixes a vida que eu desejo
mais do que pode ser teu beijo

Beijo , e em quem penso ?
Na outra .

Os remos vão jà perdidos
o barco vai e não sei para
onde .

Que fresco o teu sorriso
está , ah , meu amor ,
o que ele esconde !
Que è do sorriso da outra ?

Ah , talvez ambos nòs mortos ,
num outro rio sem lugar
no outro barco outra vez sós
possamos recomeçar
que talvez sejas a outra

Mas não , nem onde
essa paisagem è sob
eterna luz
te acharei mais que alguém com terna
ansiedade por ser parecida com a outra

Ah , por ora ,
idos remos e rumo
dà - me as mãos , a boca
o teu ser
e façamos desta hora
um resumo de que
não poderemos ter
nesta hora , a única
sê a outra



AMADA

DE  JOELHOS

« Bendita mãe que te gerou . »
  Bendito o leite que te fez crescer
  Bendito o berço aonde te embalou
a tua ama , para te adormecer !

Bendita essa canção que te acalentou
da vida o doce alvorecer ...

Bendita seja a lua , que inundou
de luz, a terra  , sò para te ver ,,,

Benditos sejam todos os que te
amarem , aos que em volta de ti
se ajoelharem numa grande paixão
ferverente e louca !



E se mais que eu , um dia
te quiser alguém , bendito
seja   o beijo dessa boca !








OS MEUS VERSOS

Rasga os meus versos
esses versos que eu te
fiz , meu amor !
Deita - os ao nada
ao pó , ao esquecimento ,
que as cinzas os cubra , que
o ventos os arraste , que a tempestade
os leve aonde for !

Rasga - os na mente , se o souberes
de cor , que volte ao nada de um
momento ! Julguei - me grande
pelo sentimento , e pelo orgulho
ainda maior ! ...


Tantos versos já  disse o que eu sonhei !
Tantos penaram o que  eu já penei !
Asas que passam , todo o mundo as sente ...

Rasga os meus versos ...  Pobre endoidecida !
Como se um grande amor cà nesta vida
Não fosse o mesmo amor de toda gente ! ...






VIAJA - ME

Pura ou impura
pouco importa isso
simplesmente humana
súbita árvore
de seios desejos
de angústia coberta
de insultos raiva
a cada  instante
mores renasces
voo


Com o teu olhar
punhal acerado
cravado no vento
da nossa loucura
com tuas pequenas
sedosas mãos
esmagando insectos

flores venenosas
com teus lábios
ardente de febre
frios da morte
caminhas relâmpago
na treva

Ignorante sábia
de que te busco
louco e cego
espermatozóide
viajando  rápido
os secretos caminhos
uma vez mais


a cada instante
morres renasces
no sangue na voz
no desespero

com que te chamo
e me respondes
ignorante sábia

visível secreta
pura impura

te abres me dàs
os infernos os cèus

e virgem me dizes
viaja - me relâmpago
uma vez mais































































































































































































































o tempo

escoa - se por entre os teus cabelos em ti as leivas as fontes as fontes e as sementes os mais secretos caminhos em ti as searas ainda futur...