sexta-feira, 14 de outubro de 2016

RECADO

Recado

Fomos namorados há vinte anos
e toda a manhã perdidos à procura
das palavras de ontem à noite ,
julgávamos - la   pousada à tarde
em cima da mesa onde era costume
 trocarmos de livros ao sol ou frutos
com frio , corremos à casa  o bosque
e nada .

Sò um silêncio estranho
mesmo sem vento ou fúria
as frestas , às janelas . a bater

com as portas , à memoria dos sonhos
a diluir - se no adormecer  e acordar
tumultuosos que não percorrem um sono
longo e difícil , uma luz sem razão  , uma
sombra de ninguém , um elo seco sem
 sentido e caminho , um brado animal

de estar sempre tudo fora do sitio, embora a mão
localizando o caos perto , a alegria solitária de irmos
longe fazer a cama um ao outro , levantar a almofada
e descobrir tudo là guardado , estimado e palpável ali
debaixo ali debaixo , como um segredo a chamar - nos
de propósito , como o primeiro som de uma criança a sair
de um útero , a ultima silaba a escapar sabia boca ávida ,
 nua para a partida ou chegada , um abraço de abrir o corpo
e fechar o reencontro


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