quinta-feira, 20 de outubro de 2016

RECADO

recado

fomos namorados
há vinte anos
e todas as manhãs
perdidos a procura
das palavras de ontem
a noite  , julgàmo - las
pousadas  em cima da mesa
onde era costume trocarmos

de livros ao sol ou frutos frios ,

corremos à casa o bosque e nada ,
sò um silêncio estranho mesmo
sem vento ou fúria à força frestas

as janelas , a bater com as portas ,
a memória dos sonhos a diluir - se
no adormecer e acordar tumultuosos
que nos percorrem um sono longo

e difícil , uma luz  sem razão  , uma
sombra de ninguém , um elo seco
sem sentido e caminho , um brado
animal de estar sempre fora do sítio ,

embora a mão , localizando o caos
perto , a alegria solitária de irmos
longe fazer a cama um ao outro ,
levantar a almofada e descobrir

tudo là guardado , estimado palpável
alo debaixo , como um segredo a
chamar - nos de propósito , como

o primeiro som de uma criança a sair
do útero , a última sílaba a escapar

sábia de uma boca ávida , nua a partida
ou a chegada , um abraço de abrir o corpo
e fechar o reencontro






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