quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

ESTE AMOR INFINITO E IMACULADO

Este amor  infinito e imaculado

Querida , o eu viver era um letargo ,
nenhuma aspiração te atormentava ;
afeita jà do jugo ao duro cargo , teu
peito nem sequer desafogava ,

Fui eu que te apontei um mundo largo

de novas sensações ;
teu peito ansiava
ouvindo - me contar caricias ,
do livre e ardente amor tantas
delicias !

Não te mentia , não .
Senti -  o , filha , esse
amor sagrado  imaculado ,
estrela maga  que incessante
 brilha da alma pura ao castro
amor sagrado ; afecto nobre
que jamais partilha o coração
vicio ulcerado .

Não sentes , nem recordas ,
jà sequer ?
Quem deste amor te despenhou ,
mulher ?

Eu não ! se muitos crimes me
desluzem , se podes transviar - me
seu encanto , ao menos uma só não
me recusem , uma virtude ; amar - te
tanto !

embora injúrias contra mim de cruzam ,
cuspindo insultos neste amor tão santo ,

diz tu quem fui , diz tu quem sou ,
e se è verdade o opróbrio aviltador
da sociedade .

Camilo Castelo Branco , in Poem a dedicado a Ana Plàcido ( 1857 )


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