terça-feira, 14 de março de 2017

RECADO

Fomos namorados há vinte anos
e toda a manhã perdidos à procura
das palavras de ontem à noite
julgamos - las pousadas à tarde
em cima da mesa onde era
costume trocarmos de livros
ao sol ou frutos com frio ,
corremos a casa o bosque

e nada , sò o silêncio estranho
mesmo sem vento ou fùria
a forçar as frestas e as janelas ,
a bater com as portas ,  a memória
dos sonhos a diluir - se no adormecer
e acordar tumultuosos que nos percorrem
um sono longo e difícil , uma luz sem razão ,
uma sombra de ninguém , um elo seco sem
sentido e caminho , um brado animal de estar
sempre tudo fora de sítio , embora a mão ,
localizando o caos  perto , a alegria solitária
de irmos longe fazer a cama um do outro ,
levantar a almofada e descobrir tudo guardado ,
estimado e palpável ali debaixo , como um segredo
a chamar - nos de propósito , como o primeiro som
de uma criança  a sair do ùtero , a última sílaba a
escapar sábia de uma boca ávida , nua para a partida
ou chegada , um abraço de abrir o corpo e fechar o
 reencontro



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