terça-feira, 7 de março de 2017

Poesia Tradução

Aproveitando a data do dia da mulher
As Vozes do Silêncio gostaria de partilhar
alguns poemas de nossas mulheres poetas
favoritas . A ideia não è de todo fazer um
 post para elaborar um comentário mais
a fundo agora o que seria , aliás será feito
melhor no futuro , com maior atenção ...
 eu mesmo tentei traduzir da Bishop ,
mas a tarefa acabou por ser muito
mais difícil do que eu pensava ,

mas demonstra a minha apreciação
pela presença de mulheres na poesia .
Apesar das raìzes líricas repensarem
em safo ...  o género acabou
dominado por homens a ponto de se
chegar a tornar algo de separado ,
criando - se assim , possivelmente
um golpe de marketing , o género
da escrita feminina  . Pois não è
assim que Bishop se via ; as
mulheres representadas aqui
são antes de tudo , autoras
de excelente Poesia , assim
com o P maiúsculo , e por
isso dignas de reconhecimento .



E se sentirem  a falta de algumas autoras
e com certeza falta gente aqui , sintam - se
livres para contribuírem nos  comentários


Florbela  Espanca , nasceu em Vila Viçosa , a 8 de Dezembro de 1894 , Florbela de Alma da Conceição Espanca , faleceu em Matosinhos no dia 7 de Dezembro de 1930 às 22 horas


Procuremos somente a beleza , que a vida
È um punhado infantil de areia ressequida
Um som de água ou de bronze
e uma sombra que passa ...

                Eugénio  de  Castro

Vaidade

Sonho que sou Poetiza eleita ,
Aquela que diz tudo e tudo sabe ,
Que tem a inspiração pura e perfeita ,
Que reúne  num verso a imensidade !


Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo ! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudades !
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita !

Sonho que sou Alguém cà neste  mundo ...
Aquela de saber vasto e profundo ,
Aos pès de quem a Terra anda curvada !

E quando mais no cèu eu vou sonhando ,
E quando mais no alto vou voando ,
Acordo do meu sonho .. E não  sou nada

Florbela Espanca , Sonetos


Emily Dickison , nasceu em 1830 , morreu em 1886 , e nesse tempo viveu uma vida excêntrica e reclusa . Sua poesia foi escrita nessa reclusão e publicada  muito tardiamente , chocando os editores pela verificação simples ( predominância quase exclusiva do metro de balada inglês ) e pela sintaxe estranha e cheia de travessões .


11 .

Não sou ninguém ! - Quem ès tu ?
Ninguém -  Também ? -
Então somos um par ?
Não conte ! Podem espalhar !
Que triste - Ser alguém !
Que publica - a fama -
Dizer seu nome - como râ -
Para as palmas da lama !


Tradução de Augusto de Campos , Não sou Ninguém


Sylvia   Plath ( 1932 - 1963 ) , a autora do famoso romance THE  BELL  JAR  è conhecida por ter sido casada com o tambèm poeta Ted Hughes  e por ter lutado contra a depressão durante toda a sua brevíssima vida . A sua poesia partilhada da tendência confessional   do período , e  , assim não surpreende que predomine as temáticas de morte e suicídio .

Palavras

Machados
Que batem e retinem na madeira .
E os ecos !
Ecos  escapam
Do centro como cavalos .

A seiva
Mina em lágrimas , como a
Água tentando
Repor seu espelho
Sobre a rocha
Que cai e racha ,
Crânio branco ,
Comido por ervas daninhas .
Anos depois eu
As encontro no caminho -

Palavras secas , sem destino ,
Incansàveis som de cacos .
Enquanto
Do fundo do poço , estrelas fixas
Governam uma vida .

Tradução de Rodrigo Garcia Lopes e Maùricio Arruda Mendonça ,
Sylvia Plath : Poemas , Illuminuras


Elizabeth Bishop ( 1911 - 1979 ) è algo famosa pela sua relação com o Brasil , tendo ido ao país e tido contacto com a sua poesia através de Manuel Bandeira , que  a conheceu pessoalmente , Drummond e atè mesmo as canções populares brasileiras , que ela traduziu . Também famoso foi o seu caso homossexual com a brasileira Lota de Macedo Soares , que teve um desfecho trágico . A  sua obra è distinta por ser concisa , cabendo inteira com um único volume .


A arte de perder

A arte de perder não è nenhum mistério ; tantas
 coisas contém em si o acidente de perde - las ,
que perder não è nada sério .

Perca um pouco a cada dia , Aceita ,
austero , a chave perdida , a hora
gasta besta-mente  . A arte de perder
não è nenhum mistério .

Depois perca com mais rapidez , com
mais critério : lugares , nomes , a escala
subsequente da viagem não feita . Nada
disso è sério .

Perdi o relógio biológico . Ah !
E nem quero pensar , muito
menos lembrar a perda de três
casas excelentes . A arte de
perder não è nenhum mistério .

Perdi duas lindas cidades . E
um Império que era meu , dois
rios , e mais continente . Tenho
saudades deles . Mas não è
nada sério .

Mesmo perder - te ( a voz , o riso etéreo
que eu tanto amo ) não muda nada . Pois
è evidente que a arte de perder não chega
a ser mistério por muito que pareça ( ESCREVA ! )
muito serio .


Adaptado por Fausto Fonseca  da tradução de Paulo Henriques  Britto , O Iceberg Imaginário e Outros Poemas





Wislawa   Szymborska ( 1923 - 2012 ) detentora do  Prémio  Nobel  de  1996 , jà  falecida .  A Polaca ( Polonesa )  , que viu a Segunda Guerra Mundial , o Holocausto , a Ocupação Nazi e a Tirania Comunista , nas palavras de Nelson Ascher , " mostrou como a sanidade e a lucidez podem brotar da terra arrasada " .



Retrato de Mulher

Deve ser para todos os gostos .
Mudar sò para que se mude .
È fácil , impossível , difícil ,
vale  tentar seus olhos são
se preciso , ora azuis ,
ora cinzentos , negros ,
rasos de água sem nenhuma
razão .

Dorme com ele como a primeira
que aparece , a única no mundo

Dà - lhe quatro filhos , nenhum filho ,
um

Ingénua , mas que melhor aconselha

Fraca , mas aguenta .
Não tem cabeça , pois
vai te - la .

Lê  Jaspers e revistas de mulher .
Não entende de parafusos mas
constrói uma ponte .

Jovem , como sempre jovem ,
ainda jovem .
Segura nas mãos  um pardalzinho
de asa partida seu próprio dinheiro
para uma viagem longa longínqua

Um cutelo para carne , uma compreensa ,
um cálice de vodka

Corre para onde , não está ,
 cansada  , Claro que não
sò um pouco , muito ,
não importa .

Ou ela ama ou è teimosa
para o bem , para o mal
e para o que der e vier .

Tradução de Regina Pryzycien , Poemas ,
Companhia das Letras



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