DE Alexandre O Neill
Fico feliz quando o trabalho
me leva para o sul .
È provavelmente a largueza
do horizonte que me atrai
Não è ainda o infinito do mar ,
mas a lonjura despendida sempre
transmite uma sensação de liberdade
Amanheceu para os lados do rio
com o nevoeiro cerrado e do branco
húmido a ponte surgia como que
suspensa do céu a medida que o
carro avançava .
Com o correr da manhã o tempo abriu
e o céu mostrou - se .
Fiz o que ali me leva o trabalho arrumado
deambulei frente ao rio .
Havia gaivotas - Querela de aves , pois escarcèu
/ Ainda palpitante voa um beijo .
E a força sem fim de duas bocas . / De duas bocas
que se juntam loucas !
No regresso bailavam as palavras do soneto de
Alexandre O Neill ( 1924 - 1986 ) - Transcrevo
- o com o imperscutàvel olhar da gaivota que tudo
desencadeou .
O BEIJO
O BEIJO
Congresso de gaivotas neste céu
como uma tampa azul colorindo
o Tejo
Quarela de aves , pios , escarcèu
ainda palpitante voa um beijo .
Donde teria vindo ! ( Não è meu ... )
De algum quarto perdido no desejo ?
De algum jovem amor que recebeu
Mandato de captura ou de desejo ?
È uma ave estranha e colorida , vai
batendo como a própria vida , um
coração vermelho pelo ar .
E a força sem fim de duas bocas ,
de duas bocas que se juntam , loucas !
De inveja as gaivotas a gritar ...
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