Quando uma mulher se despe
numa clareira rodeada de arbustos
e sobre uma toalha se estende ao sol
è ambíguo porque não quer ser vista
e ao mesmo tempo a sua pele estremece
sob um olhar ausente ou alguém escondido
entre a folhagem tambèm a palavra se expõe
e oculta no seu fulgor de lâmpada alimentada
pelo fogo obscuro que aspira
a nudez solar ela inclina - se
sobre a água para ver a sua
imagem com o olhar não dela
mas de um outro que a move
para ser presença pura no
olhar de ninguém
e poderá ser um dia o de algum
leitor que se deslumbra com a
sua abstracta nudez sem esta
duplicidade e sem este puro
recato através do silêncio ela
não possuirá o frémito ideal
da exposição e seria opaca
ou demasiado transparente
sem os meandros cintilantes
que a tornam fugidia como
um fio de mercúrio e a sua
nudez teria a consciência
inerte de uma pedra sem
fogo e sem sal o focinho
do desejo por isso o poema
è uma mulher que se enrola
na sua nudez atè ser tão
redonda como redondo
è o ser com a sua lìngua
bìfida entre os lábios do
seu sexo .
Sem comentários:
Enviar um comentário