Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei o nada
e para ti
foi tudo
Para ti criei todas
as palavras
e todas me faltaram
no minuto que talhei
o sabor do sempre
Para ti dei voz
as minhas palavras
as minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava
em nòs
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque
era noite e não
dormíamos eu descia
no teu peito para me
procurar e antes
que a escuridão
cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um sò
amando de umas sò
vida .
Fausto Fonseca
Mia Couto ,in Raìz de Orvalho e Outros
Sem comentários:
Enviar um comentário