Eu sou o vento
que havia de vir
venho das terras
onde os homens
já nasceram irmãos
e eu sei que já nada
os pode separar
os homens
eu beijo os brancos
na face e os negros
e toda a humanidade
eu sopro e trago
comigo as chuvas
e os poemas
canto levo as
sementes redentoras
lanço - as conscientemente
eu sou o vento semeador
as minhas sementes são
homens e mulheres
e o meu gesto
è o mais belo
que o mundo
viu
da terra negra
os homens
novos brotam
e as novas mulheres
e erguendo os braços
o sol os veste de
fraternidade
eu sou o vento
que havia de vir
o vento necessário
escutai a canção
admirável
de meus lábios
de poeta
e deixai que eu passe
eu quero beijar
suavemente
os seios e o sexo
em flor
das mulheres magníficas
que estão a conceber
deixai que eu passe
bonaçonsamente
e serei em paz
quando não passarei
de qualquer forma
serei o furacão
que tudo subverte
pois a sementeira
terá de se fazer
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