sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

È TÃO SUAVE A FUGA DESTE DIA

È tão suave a fuga deste dia

È tão suave a fuga deste dia ,
Lídia que não parece que vivemos .
Sem duvida que os deuses nos são
gratos a esta hora,
Em praga nobre desta fé que temos
na exilada verdade dos seus corpos
não dão o alto prémio de nos deixarem

ser convivas lúcidos da sua calma ,
herdeiros um momento de seu jeito
de viver toda a vida
dentro dum sò momento , dum sò
momento Lídia ,em que afastados
das terrenas angústias recebemos
delícias  dentro das  nossas almas
E sò um momento nos sentimos
 deuses imortais pela calma que
vestimos e altiva indiferença
às coisas passageiras.

Como quem guarda a coroa da vitória
estes fanados louros de um sò dia
 guardemos para termos ,no futuro
enrugado ,

Perne à nossa vista certa prova
de que um momentos deuses
nos amam  e nos deram uma
hora não nossa , mas do Olimpo.

Fausto Fonseca

Ricardo Reis ,in Odes
Heterónimo de Fernando Pessoa




Sem comentários:

Enviar um comentário

o tempo

escoa - se por entre os teus cabelos em ti as leivas as fontes as fontes e as sementes os mais secretos caminhos em ti as searas ainda futur...