à Noite em versão de Herberto Hélder
Apenas a Noite , material ou simbólica ,
nos permite o encontro connosco na
verdadeira intimidade do Eu .
Da aproximação do Eu à Noite deram
conta os poetas : Fernando Pessoa , Álvaro
de Campos com o poema Enxertos de Duas :
Vem , Noite antiquíssima idêntica ,
... deu - o de forma genial , tal
como Genial è a versão de Herberto
Hélder para um Hino à Noite vinda
da Antiga Grécia Felicidade e Encantamento ,
Rainha das vigílias , Mãe do Sonho , / .. , e
que a seguir transcrevo .
Este poema , entre outras leituras , torna
claro o apelo à harmonia que a A Noite
Permite ... / escuta , ò indulgente Antiga ,
a imploração Terrena , / e aparece com o
Teu Rosto Obscuro e Lento no Meio dos
Vivos Terrores do Mundo .
Outras menos encantadas inovações
à noite haverá , mas não deixo de referir
ainda mantendo - me na poesia em
português , o genial poema de Antero
de Quental , Per Amica Silentia Lunae :
Eu amo a Noite às horas sossegadas / ... ,
recolhido no volume póstumo / Raios
de Extinta Luz .
Versão de Herberto Hèlder
Transcrito de Rosas do Mundo ,
2001 Poemas para o Futuro ,
Assirios & Alvim
HINO ÒRIFICIO À NOITE
Cantarei a criadora dos homens
e deuses - Cantarei a Noite .
Ò forte Divindade ardendo as
estrelas , Sol Negro .
invadida pela Paz e o Tranquilo
e múltiplo sono , e consoladora ,
onde as misérias repousam as
campânulas de sangue ,
Ò embalador cavaleira , luz
negra , amiga geral ,
Ò incompleta , alternadamente
terrestre e celeste ,
Ò arredonda no meio das forças
tenebrosas , leve afastando a luz
da casa dos mortos e de novo
te afastando tu própria .
A terrível fatalidade e a mãe
de todas as coisas , ò noite
maravilhosa , constelação
calma , ternura secreta do
tempo , indulgente
antiga , a imploração terrena ,
e aparece com o teu rosto
obscuro e lento no meio
dos vivos ternura do mundo .
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