domingo, 26 de fevereiro de 2017

Da Grécia antiga , um Hino ôrifico à noite em versão de Herberto Helder

Da Grécia Antiga , um hino Òrfico
à Noite em versão de Herberto Hélder

Apenas a Noite , material ou simbólica ,
nos permite o encontro connosco na
verdadeira intimidade do Eu .
Da aproximação do Eu  à Noite deram
conta os poetas : Fernando Pessoa , Álvaro
de Campos com o poema  Enxertos de Duas :
Vem , Noite antiquíssima idêntica ,

...  deu - o de forma genial , tal
como Genial è a versão de Herberto
Hélder para um Hino à Noite  vinda
da Antiga Grécia Felicidade e Encantamento ,
Rainha  das vigílias , Mãe do Sonho , / .. , e
que a seguir transcrevo .

Este poema , entre outras leituras , torna
claro o apelo à harmonia que a A Noite
Permite ... / escuta , ò indulgente Antiga ,
a imploração Terrena , / e aparece com o
Teu Rosto Obscuro e Lento no Meio dos
Vivos Terrores do Mundo .

Outras menos encantadas inovações
à noite haverá , mas não deixo de referir
ainda mantendo - me na poesia em
 português , o genial poema de Antero
de Quental , Per Amica Silentia Lunae :

Eu amo a Noite às horas sossegadas / ... ,
recolhido  no volume póstumo / Raios
de Extinta Luz .


Versão de Herberto  Hèlder
Transcrito de Rosas do Mundo ,
2001 Poemas para o Futuro ,
Assirios & Alvim




HINO ÒRIFICIO À NOITE

Cantarei a criadora dos homens
e deuses   - Cantarei a Noite .

Ò forte  Divindade ardendo as
estrelas , Sol  Negro .
invadida pela Paz e o Tranquilo
e múltiplo sono , e consoladora ,
onde as misérias repousam as
campânulas de sangue ,

Ò embalador cavaleira , luz
negra , amiga geral ,

Ò incompleta , alternadamente
 terrestre e  celeste ,


Ò arredonda no meio das forças
tenebrosas , leve afastando a luz
da casa dos mortos e de novo
te afastando tu própria .

A terrível fatalidade e a mãe
de todas as coisas , ò noite
maravilhosa , constelação
calma , ternura secreta do
tempo , indulgente
antiga , a imploração terrena ,
e aparece com o teu rosto
 obscuro e lento no meio
dos vivos ternura do mundo .



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