segundo Baltazar del Alcàzar
Volto à difícil arte do soneto
com uma das primeiras
brincadeiras sobre a dificuldade
de expressar em soneto uma
ideia , duas sentimento ou
acontecimento , na rigidez
da sua forma rimada
em quatorze versos sílabas ,
com a exigência adicional
de exposição , desenvolvimento ,
e conclusão do assunto .
Já antes aqui no blog , no artigo ,
dei conta de alguns exemplos
e considerações a este propósito ,
com o destaque especial do soneto
de Baltazar del Àlcazar ( 1530 - 1606 )
no qual o poeta tenta , sem conseguir
antes que o soneto acabe acabe ,
expressar um segredo a sua bela
inimiga Inês .
Bela inimiga seria , no contexto
poético do tempo , uma mulher
desejada que não respondia ao
assédio desse desejo ,
sendo o soneto a época uma
privilegiada forma o desejo
amoroso , tal está subentendido
no segredo que o poeta quer
contar e não consegue .
Temos pois com este exercício
poético a ironia de escrever um
soneto sem assunto , continuando
em silêncio o desejo que o poeta
pretendia expressar .
A Inês , e com Inês , tem o poeta
alguns deliciosos poemas burlescos ,
que certamente trarei ao blog noutra
ocasião . Por agora a brincadeira poéticas
à volta de expressar o desejo amoroso
escrevendo um soneto :
SONETO
Decidi revelar - me em soneto
o meu segredo , Inês bela inimiga ;
Mas por mais ordem que ao fazê - lo
eu siga , não pode jà caber neste
quarteto .
Chegados ao segundo , vos prometo
que não se há - de passar sem que eu
os diga ;
Mas estou feito , Inês uma formiga
que tonta gasta os versos do seu
soneto ,
conto - lhe os versos todo , e hei
notado que , pela conta que o soneto
toca , jà este meu , Inês , vai acabado .
Tradução de Jorge de Sena
Transcrito da Poesia de 26 séculos ,
antologia , prefácio e notas de Jorge
de Sena , edição fora do texto , Coimbra ,
1993
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