a Ana Pereira
carregas em teus ombros um navio de relâmpagos
em teu coração a pedra e a voz das cidades insubmissas
levavas em teu rastro uma aurora
de espigas
em teus lábios as palavras
que não temem o fogo o frio
ou a morte
a terra semeava
e por ama - la tanto transformou - se
na coisa amada por nòs
ès agora
ò semeadora a própria semente
oculta e amorosa submersa
no amor
com ternura chegavas a cada noite
e construías uma vez mais a esperança
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